A Boa Crise
Tiago
de Moraes Alfonsin
Um
novo fantasma assombra a humanidade: o fantasma da insustentabilidade. A insustentabilidade do modo de vida contemporâneo
ameaça a toda a população mundial. Em 2008, uma crise econômica de abrangência
global teve início. As crises são inerentes ao capitalismo e servem para
reacomodar a economia em níveis de realismo depois de uma bolha especulativa.
Mas, diferente de outras crises, esta teve início nos Estados Unidos. Este
simples fato revela uma oportunidade única para os trabalhadores do mundo. O
capitalismo sempre protegeu seu âmago para se perpetuar. Se as instituições
sedes do capitalismo estão quebrando ou sofrendo grandes prejuízos, esta não é
uma crise cíclica normal do sistema. O
próprio modelo de desenvolvimento capitalista entrou em colapso.
Uma simples
retrospectiva histórica deixará evidente para o leitor o que esta tese defende:
esta crise é boa para os oprimidos de todo planeta.
Há
dez mil anos atrás, com a agricultura, a humanidade começou a viver uma onda de
desenvolvimento. Soa como uma coisa muito boa. Atualmente desenvolvimento é
quase um mantra, pronunciado hipnoticamente por todas as correntes políticas.
Mas, vamos observar com cuidado a palavra. O prefixo “des”, em português, tem o
sentido de negação, separação, ação contrária. Desenvolvimento, então, é aquilo
que não tem envolvimento, não deseja se envolver, quer se distanciar do
envolvimento. O não envolvimento desta palavra se refere ao mundo natural.
Quanto mais desenvolvido, mais separado da natureza, mais se nega o
pertencimento ao meio ambiente comum a todas as espécies. A humanidade não
procurou o “des”envolvimento da natureza, ele aconteceu sem a menor intenção. A
agricultura não foi descoberta ou inventada, ela emergiu como uma necessidade
de sobrevivência, foi o primeiro “des”envolvimento humano da natureza.
Quando
a agricultura começou a ser necessária, os seres humanos estavam vivendo uma
grave crise de escassez de alimentos. A espécie humana, até aí, vivia no seu
nicho ecológico como qualquer outra espécie animal, mas uma súbita mudança
climática global aqueceu o planeta e tornou insustentável o modo de vida hegemônico daquela época, obrigando a
humanidade a mudar seus hábitos milenares de cooperação na caça e coleta nômade. Aonde haviam florestas
luxuriantes, que forneciam abundantes recursos energéticos necessários a vida,
passou a existir, em pouco tempo, um deserto. Houve uma crise energética. Onde
sempre houve facilidade para encontrar alimento, agora não. A natureza não era
mais generosa, era cruel. Ela, que até então foi o útero que abrigava e
protegia, aonde os seres humanos viviam envolvidos e evoluíram por milhares de
anos, passou a ameaçar a sobrevivência da humanidade. Para sobreviver, a
espécie humana teve que se defender da natureza, teve que se desenvolver dela,
teve que sair de dentro dela num parto doloroso. Não havia mais alimentos
suficientes para todos. A humanidade se viu, onde quer que estivesse, obrigada
a trabalhar para comer. Era preciso cultivar plantas que antes nasciam sem o
menor esforço de ninguém. Também foi preciso cativar animais para que eles não
destruíssem os alimentos tão duramente adquiridos e também para que não fossem
atacados por outros predadores que não fossem os próprios humanos. Há dez mil
anos atrás, a vida da humanidade mudou drasticamente para pior.
A
humanidade que vivia numa generosa opulência, onde todos cooperavam para subsistência, se viu obrigada a se tornar mesquinha
e a controlar tudo. Cada um tentava garantir a sua própria sobrevivência e isto
significava competir e se defender
não só da natureza, mas também de outros seres humanos. Era preciso que quem
obtivesse os recursos necessários à vida, água e comida basicamente, negasse a sobrevivência a outros,
porque o que havia não era suficiente para todos. Surgia a propriedade privada.
Se alguém investisse seus preciosos e escassos recursos energéticos cuidando da
terra para produzir alimentos, tivesse o trabalho de plantar, cuidar, irrigar,
colher e armazenar, não queria que ninguém mais tivesse acesso àquele terreno
de onde saía a fonte da vida. Inventou-se também, as cercas e as leis. Quem não
as respeitasse era morto ou expulso do lugar. Todo mundo podia cultivar os
alimentos em qualquer lugar ao longo dos rios, lagos e mananciais, mas
preferiam se aglutinar uns perto dos outros num lugar bem fértil para que ali,
todos conhecendo as regras, se respeitassem mutuamente e fosse mais fácil
competir com outros seres humanos que ainda teimavam ser nômades. Assim,
unidos, cooperados, sindicalizados, o controle da produção era melhor.
Cooperando com os que trabalhavam e produziam juntos e competindo com quem não fosse do local, estes indivíduos iniciaram
um movimento humano para a exclusão institucionalizada. Eles foram os primeiros
sedentários da humanidade, não porque não trabalhavam, mas sim porque tinham
sede, cidades, não eram mais nômades, e criaram muitas regras para se proteger
da competição que hoje acreditamos serem naturais. Uma nova espécie até então
inexistente surgiu, o Homo Urbis, evoluída a partir de um ditame do ambiente
como qualquer espécie sempre evoluiu. Curioso que os embriões das primeiras
cidades, colônias desta nova espécie humana, foram construídos exatamente sobre
as terras mais férteis. Este fato demonstra a evidente desesperada tentativa de
sobreviver num meio ambiente hostil.
Sendo
obrigados por esta força maior do clima, que os tornou extremamente pobres e
escravos do trabalho, os seres humanos não podiam mais se afastar das sedes
onde plantavam e criavam os recursos energéticos necessários ao sustento. Não
podiam mais migrar para fugir do frio inverno ou do calor do verão e se afastar
dos meios de produção. Tiveram que enfrentar a natureza, agora uma inimiga, que
não dava mais de graça a subsistência dos indivíduos. Tiveram que aprender a
conviver com a labuta, com o calor e o frio. Além de ter que inventar palavras
como lei, vizinho e propriedade, tiveram que encontrar soluções para moradia,
agasalho, transporte de água, conservação de alimentos, ou seja, tiveram que se
desenvolver da natureza e se
envolver em uma vida artificial, organizada em função da produção. O alimento não mais brotava sozinho do chão ele tinha que
ser produzido. Desenvolver,
portanto, significa produzir. Não só alimentos, mas tudo que serve para viver
longe da natureza, de casas e roupas a arados e aquedutos, os bens de consumo.
Ter
que produzir para sobreviver passou rapidamente de contingência nefasta do Homo
Sapiens, nômade, para uma coisa biologicamente desejável para a nova espécie do
Homo Urbis, que vive em
colônias. Quanto mais desenvolvido, quanto mais longe da
natureza cruel, maior era a produção, portanto mais rico de recursos energéticos para sobrevivência
o individuo ficava. Apesar de a terra ser originalmente de todos, aqueles mais
frágeis, que primeiro sucumbiram à escassez de alimentos, agora alegavam ser
donos dela, donos do único meio de produção de comida. Aqui fica evidente como
o meio ambiente determinou um novo modo de vida. Quanto pior a condição
climática, mais difícil ficava para sobreviver no nomadismo, somente os mais
tenazes resistiam. Então, aqueles indivíduos que insistiram naquele modo de
vida do Homo Sapiens, aqueles resistentes, ficaram excluídos da produção do
Homo Urbis e, aos poucos, do acesso ao alimento. Os que finalmente cederam à
nova ordem social por penar a fome, fora escravizados e tiveram que se submeter
aos ditames daqueles que já eram donos do meio de produção, estabelecidos nas
sedes sobre as terras férteis.
A
grande eficácia humana na produção de alimentos logo gerou um excedente
energético. A abundância de alimentos possibilitou o aumento populacional. Isto
gerou um circulo vicioso. O aumento da população demandava mais recursos
energéticos, mais terras tinham que ser cultivadas para produzir mais alimento
para mais bocas famintas. Chegou um momento que as terras férteis conhecidas
não bastavam para a população crescente. O
modo de vida se aproximou da insustentabilidade novamente. A energia solar
que incidia nas terras conhecidas não se transformava em alimento rápido o
suficiente. Novas terras tiveram que ser buscadas. Iniciou-se um período de
grandes navegações em busca de novos territórios. E não só para isso, mas
também para importar especiarias e exportar gente. As especiarias eram muito
valorizadas por que conservavam os alimentos para os períodos de escassez e a
Ilha de Santa Catarina se chamava Desterro porque para cá eram exportados excluídos
das terras européias. O capitalismo
nasceu deste comércio com o além mar. Se especulava sobre as mercadorias
que os barcos iriam trazer do exterior, de quanto seriam os lucros. Aqueles
primeiros grupos de agricultores cooperados que cultivavam terras a beira dos
rios, agora eram nações que competiam
umas com as outras para conquistar os melhores territórios, com mais água,
terras férteis e incidência solar, que possibilitariam sua futura
sobrevivência. O capitalismo nasceu da desesperada tentativa humana de
sobreviver ao desequilíbrio ecológico da mudança climática de dez mil anos
atrás.
O
aumento territorial possibilitou mais aumento populacional humano, pressionando
ainda mais o meio ambiente por recursos energéticos. A Europa já não tinha mais
florestas para usar como combustível e na construção civil. Até múmias dos
cemitérios egípcios foram importadas para servir de combustível, mas elas
também acabaram. Urgia uma nova solução energética que aumentasse a velocidade
de transporte e produção de alimentos. A solução foi encontrada no subsolo:
carvão, turfa, gás natural, xisto betuminoso e petróleo. Energia solar fóssil,
armazenada durante milhares de anos no subsolo, uma poupança energética
gigantesca começou a ser explorada. Esta solução fez a oferta de energia e a
capacidade humana de produção de alimentos aumentarem de forma vertiginosa. A
exploração dos recursos energéticos
fósseis viabilizou o surgimento do industrialismo e o “des”envolvimeto
completo da humanidade, seu afastamento total da natureza.
A
grande densidade energética dos combustíveis fósseis tornou obsoleto o lento
metabolismo animal e humano de energia solar. Com o brutal e súbito
enriquecimento de recursos, a população mundial também começou a aumentar
exponencialmente. Se em 1800, no início da revolução industrial, a população
humana era de um bilhão, em 2010 já é de sete bilhões de pessoas. Com este
subsídio energético fóssil, o Homo Urbis se adaptou a um falso meio ambiente.
No entanto, esta grande oferta energética é finita. Em 1800, turfa era retirada
com pá no fundo dos pátios da Europa. Em 2010 o Brasil se dispõe a perfurar
poços de petróleo a sete quilômetros de profundidade no mar, a 350 km da costa, e anuncia
isto como sendo a salvação econômica do país. Chegamos novamente a um ponto de insustentabilidade do modo de vida, no
qual a humanidade sofrerá um grande revés.
O
Homo Urbis e seu modo de sobrevivência “des”envolvido, nas cidades e com o
capitalismo, é uma espécie animal que ocupou um nicho ecológico muito breve em
escala geológica. É evidente que, por utilizar energia fóssil e não a única
fonte de energia do planeta, o sol, a espécie é insustentável. Esta espécie
oportunista, pela proporção que tomou, se tornou um câncer no ecossistema
global. Sua eficácia no “des”envolvimento da natureza e na produção de
alimentos e bens de consumo na luta pela sobrevivência, ameaça sua própria
existência. Com sua hiperpopulação, os recurso mais básicos a vida se tornaram
escassos. A biodiversidade do planeta, necessária ao equilíbrio ecológico do
qual a espécie faz parte, está diminuindo rapidamente. O solo, do qual tira
todo seu sustento, está exaurido e erodido. A água e o ar limpos, já começam a
diminuir. Até recursos minerais estão em extinção. O mar, berço da vida do planeta, está
morrendo pela sobrepesca e poluição. Além de tudo, uma brutal e súbita mudança
climática novamente se avizinha para a humanidade. Estudos indicam que o nível
dos oceanos há de subir durante este século. As maiores áreas de terras férteis
e cultiváveis do planeta serão alagadas, justamente aquelas áreas mais
populosas que serviram de útero a espécie e onde estão localizadas as grandes
cidades.
Chegamos,
finalmente, ao imo de nossa tese. O
Homo Urbis e seu capitalismo exigem crescimento constante e isto é impossível
infinitamente em um mundo finito. Por mais que os visionários capitalistas
insistam que os novos territórios humanos sejam extraterrestres, dificilmente a
humanidade se expandirá além do planeta a tempo. Atingimos o limite de nosso
modo de vida contemporâneo. A espécie não tem mais para onde correr. Os
recursos energéticos que viabilizaram toda a modernidade estão acabando. O “american way of life”, com casa, ar
condicionado, carro e outros produtos industrializados que o capitalismo
apregoa que podem ser universalizados, o
meio ambiente da Terra não comporta. A equação que envolve população,
alimentos, bens de consumo e recursos naturais, não fecha. O mais chocante para
os trabalhadores de todo mundo é que, do ponto de vista da sustentabilidade, nem o socialismo consegue resolver esta
insolúvel equação. Os atuais sete bilhões de seres humanos não podem ter acesso
aos níveis de consumo dos países conhecidos como desenvolvidos, simplesmente
porque não há recursos naturais suficientes para todos.
A
população mundial, já está ciente de todos estes fatos. Basta abrir os jornais
de qualquer nação para tomar conhecimento de uma grande convergência de crises. Notícias sobre agressões irreversíveis ao
meio ambiente, grave escassez de matérias primas, urbanização descontrolada,
hiperpopulação, crise econômica mundial ou eventos climáticos extremos são cada
vez mais freqüentes. Mas, apesar da abundância de informações, a maior parte
das pessoas parece não se importar com a gravidade do problema e não se dispõe
a mudar nada de seu cotidiano. Esta estúpida atitude se explica analisando as
características do sistema nervoso dos indivíduos da espécie. A tomada de decisões de todos os sete
bilhões de seres humanos é feita por parte especializada do cérebro que avalia
a todo instante o estado atual do corpo comparado com toda sua história prévia.
Atualmente, a ingestão de alimentos é a maior da história da humanidade e a
obesidade é um problema maior no mundo do que a fome. Além disso, não tem mais
nenhum ser humano vivo que tenha testemunhado a grande mudança climática de dez
mil anos atrás. A história prévia na memória de todos os cérebros vivos não
registra aquele sofrimento. Ao contrário, os sistemas nervosos percebem uma
grande abundância de recursos energéticos e diminuição do sofrimento nunca
antes registrado. Os indivíduos da espécie humana acreditam piamente que as condições climáticas nunca mudaram, que o
nível dos oceanos nunca foi outro, que a agricultura e a vida nas cidades
melhoraram as condições de vida e que a ciência vai descobrir soluções para
qualquer problema futuro, mas nada disso é fato.
Para
o capitalismo, é muito importante que a humanidade continue alienada e
ignorante das possíveis conseqüências de seu modo de vida ambientalmente
irresponsável. O capitalismo tomou vida própria e luta para sobreviver, como
qualquer outro ser vivo. Sua estratégia para sobrevivência se baseia num tripé alienante: produção, família e
esporte. A produção é o pilar mais
conhecido de sustentação do sistema. Serve para o crescimento do organismo
capitalismo, seu lucro. O segundo
pilar é a família. O Capitalismo
estimula a formação e a continuidade das famílias. A TV martela das três da
tarde até as nove da noite, com uma novela atrás da outra, sobre a importância
da manutenção da família. A razão é biológica: os mamíferos com prole não
gastam recursos energéticos para atacar, só se defender. Desta forma, obtém-se
o controle das forças de produção da
forma mais energeticamente econômica. O último, mas não menos importante pilar,
é o esporte. Ele serve para ensinar
os Homo Urbis a se resignar, ser
somente mais uma célula fisiológica do ser vivo maior, o capitalismo. A
mensagem a ser aprendida com o esporte é que todos os indivíduos devem competir
entre si, obedecer todas as regras, respeitar as autoridades, se resignar em
ser um perdedor, não propor união, cooperação ou outra sociedade que não a
competitiva e acreditar que ela é a melhor. Todos são induzidos a competir
lealmente, sabendo de antemão que só alguns poucos vão vencer e, claro, todos
têm que se resignar e acreditar que isso é bom, justo e até altruísta. O tripé
de sustentação do capitalismo funciona muito bem como instrumento de alienação e culpabilização do
indivíduo. Se alguém não produz o suficiente, não tem uma família feliz, não
for vitorioso nos esportes, enfim, não se der bem na vida, a culpa é sempre do
individuo. A culpa da exclusão é sempre do excluído. É a pedagogia da
resignação: ensina-se que a culpa é do indivíduo, que não se esforçou o
suficiente, nunca do sistema. É muito importante que todos os Homo Urbis amem a família, os esportes e o
crescimento econômico para que jamais culpem o sistema e se voltem contra ele.
O Fantasma da insustentabilidade ainda não se
materializou, mas já é visível a olho nu. Mesmo tendo conseguido transformar
todas as manifestações culturais numa competição excludente, do carnaval ao
soletrando, do concurso público ao concurso de beleza, do vestibular a
competição de cães de artistas no Faustão, o capitalismo esta perdendo para si
mesmo no seu próprio jogo. Até a lógica neoliberal de estado mínimo acabou.
Chegamos ao ponto de ruptura do modelo de desenvolvimento capitalista. Todas as
nações do mundo já tiveram que intervir pesadamente doando dinheiro a bancos e
fábricas. As estatizações ou intervenções do estado, o estado máximo, se
tornaram comuns. No Brasil, indo contra todos os indicadores ambientais e
urbanos, Lula isentou de IPI as montadoras de automóveis e eletrodomésticos
numa tentativa desesperada para que não quebrassem. Todas estas medidas em
detrimento da classe operária. Mas a derrocada do capitalismo segue inevitável.
Somente um adolescente acreditaria em sua vida eterna. Os oprimidos do mundo
estão diante de uma oportunidade maravilhosa. Um momento histórico de transição,
uma oportunidade de construir uma sociedade
ganha-ganha diante do colapso da sociedade ganha-perde. Uma sociedade
comunista, sem competição, sem esportes, sem família nuclear, sem propriedade
privada, sem cidades insustentáveis. A classe trabalhadora vai deixar de ser
classe, não porque venceu a luta de classes, mas porque não vai haver mais
diferença de classes. Dinheiro, bens, propriedades e títulos, os valores da
modernidade, não terão mais valor. Os Seres Humanos passarão a valorizar água limpa, contato com a natureza,
silêncio e conhecimento, os valores da pós-modernidade. O envolvimento com
a natureza vai ser resgatado e a produção
voltará a ser de subsistência.
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