Inolvidáveis
Dia destes assisti o
filme “Delicatessen”. Já viste? Acho ótimo, já vi umas três vezes, no cinema e
na televisão. É uma história maluca, talvez pós colapso, onde a moeda são grãos
e o mais caro é o milho. Tem uma cena adorável, onde um casal toca, cada qual
seu instrumento, numa salinha de apartamento. A moça toca violoncelo e o rapaz
toca serrote! Maravilhoso. Aquela cena me fez lembrar alguns momentos
inolvidáveis que já passei na vida, curiosamente sempre no exterior. Admiro
muito quem sabe tocar bem um instrumento, pois eu só sei tocar campainha. Uma
vez, em Amsterdam, visitei uma amiga num sábado à tarde, sem avisar, coisa
muito esquisita para a cultura local. Ela era holandesa, mas me serviu um chá
inglês com biscoitos italianos e dançou flamenco catalão para mim, com direito
as castanholas, canto, sapateado, vestido e tudo! Numa outra ocasião, em
Bruxelas, eu e um amigo chileno visitamos uma amiga boliviana em comum. Ela nos
agraciou com uma performance de harpa! Fiquei encantado, nunca havia visto de
perto uma harpa, muito menos ouvido sendo tocada de forma tão harmoniosa. Ainda
em Bruxelas, estava trabalhando num albergue limpando as mesas do refeitório,
quando um rapaz argentino ensaiava seu violão. Violão é um instrumento bastante
comum no Brasil e eu já tinha visto e ouvido várias vezes, mas não daquele
jeito. O rapaz era um virtuose da música clássica e tocava com precisão, uma
atrás da outra, músicas conhecidas com suas unhas compridas rufando sobre as
cordas. Vendo que o escutava deleitado, conversou comigo e, sabendo que eu era
gaúcho do Brasil, me presenteou com músicas clássicas do meu estado e do meu
país, tocadas com a mesma maestria! Estava há quase dois anos longe de casa,
então me emocionei muito. Teve ainda uma oportunidade que eu estava em Mulhouse
na França, visitando a mãe do namorido de uma enteada (que confusão!). No
segundo piso de uma casa antiga, num quarto bagunçado cheio de coisas, me
interessei por um objeto de metal que parecia o fundo de um tonel de aço. O
namorido da enteada, prontamente, separou o objeto do resto da quinquilharia e
o montou no meio do quarto. Sacou uma espécie de baqueta do nada e, dali
daquele fundo de tonel amassado, tocou uma bela música sem erro nenhum. Foi um
momento saboroso, de muitas sensações, sensacional.
Ele era Jamaicano? Seria tambor de aço? Eu acho o som lindíssimo.
ResponderExcluirEle era Jamaicano? Seria tambor de aço? Eu acho o som lindíssimo.
ResponderExcluirNossa! Que experiências maravilhosas!
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