Em terra de cego quem tem um olho é retardado?
Imagine a cena: alguém com um olho bom chega numa terra onde todo mundo é cego. A criatura tem um sentido que ninguém mais tem e acredita que possa obter vantagens dessa suposta superioridade, no entanto, se depara com uma série de dificuldades. O vidente não percebe os sinais da cidade dos cegos, não são visíveis. Logo se mete em confusões de trânsito já na chegada e toma atitudes que infringem leis por todos lá aceitas ao andar pelas ruas. A população se revolta com o subversivo. O linchamento está prestes a acontecer quando a polícia é chamada para atender a ocorrência do retardado que não sabe obedecer às regras. O forasteiro se identifica, tenta se explicar e revela suas origens e seu super poder. Seus documentos são inúteis, meros papéis plastificados que não revelam nada. Seu sentido incomum é questionado e logo desacreditado, porque o elemento infrator não consegue ensinar ninguém como se faz para “ver” as coisas sem tocá-las ou ouvi-las. As autoridades logo percebem que se trata de um analfabeto charlatão e o mandam para cadeia porque um indivíduo com tais características é uma ameaça à ordem pública. Na cela, ao longo do tempo, se sua lábia for boa, talvez até consiga convencer alguns de suas capacidades, formar uma pequena seita com poucos seguidores toscos que se impressionam com seus truques mágicos de adivinhação, mas a maioria o ignoraria, pois as evidências provam que é um cara que nunca passou por uma escola, nem compreender os sinais sonoros da prisão ou mesmo ler em Braille consegue. É obviamente um retardado: seu olho, que ninguém nunca viu, experimentou, ou sabe para que serve, por melhor que seja, é inútil por lá.
Esse conhecido ditado, do sujeito com um olho só, que viaja para uma Lilliput de cegos e se dá bem virando rei é uma ficção que não acontece na vida real. As sociedades, tradicionalmente, se organizam contando com as capacidades da maioria. Todos devem seguir os mandamentos que otimizam a convivência harmônica e pacífica entre os indivíduos. Os desviantes devem ser corrigidos de alguma forma ou segregados dos demais. Na idade média, ser canhoto era considerado uma abominação e, aqueles que tinham o azar de nascer assim, eram queimados na fogueira da inquisição ou obrigados a amarrar sua mão esquerda para que aprendessem a usar a direita. Os destros são cerca de 90% da população e portanto os outros 10% deveriam se adaptar para não ser considerados heréticos condenáveis. A preferência de qual mão é dominante era tida, naqueles tempos, como uma escolha voluntária, o tal do livre arbítrio de Santo Agostinho, e o correto seria usar a destra. Aliás, “canhoto” é sinônimo de diabo e “direito” é sinônimo de certo.
Como sou professor, percebo “videntes” na nossa terra de cegos se dando mal no cotidiano e canhotos sendo atirados à fogueira de julgamento sumário. Semana passada, na primeira aula da manhã, as crianças entraram na sala e se acomodaram ruidosamente. Depois do entusiasmo inicial, quando a poeira baixou um pouco, comecei a fazer a chamada, mas logo a orientadora educacional abriu a porta e apresentou um aluno novo na escola. Imediatamente percebi que um pesado fardo de constrangimento montou nas costas do guri. A vergonha o fazia caminhar com vagar e dificuldade até a única classe vaga, parecia que ele havia desaprendido a andar nos longos três metros e quarenta e seis centímetros que teve que desfilar na frente da turma sussurrante. Sentou calado e me encarou com os olhos arregalados, nem ousava olhar para os lados. A flexibilidade no planejamento não é meu forte, mas reconheço a emergência pedagógica quando vejo uma. Repensei a aula a ser dada e desenhei a quadra de esportes no quadro listando algumas atividades que iríamos fazer. Expliquei com croquis como cada jogo iria se desenrolar. Minha atitude fez com que a turma se excitasse com as preliminares de uma orgia de atos corporais prazerosos e o foco da atenção saiu do calouro. Fomos à quadra e fizemos alongamentos em roda. Indiquei um aluno moralmente virtuoso para fazer dupla com o novato e brincamos de um carregar o outro de um lado para outro do ginásio. Em dez minutos, o alunado estava todo alegre e suado, mas o novato correu para mim ofegante. Angustiado, perguntou com dificuldade se algum outro aluno por acaso não teria uma “bombinha”. Não sou médico, mas também sei reconhecer uma emergência médica. Coloquei o menino sentado num banco de pernas abertas, com os cotovelos apoiados nos joelhos para facilitar a ventilação e pedi para que se acalmasse e se concentrasse na respiração. Enquanto as outras crianças brincavam distraídas, a dupla do colega asmático, sem ninguém para carregar, ansioso, esperava a situação se resolver sem entender nada o que estava acontecendo e dizia: “Mas cara, é só respirar fundo!” Como o guri que arfava não conseguia tirar dos pulmões nem um mínimo de ar para soprar sobre as cordas vocais, coube a mim explicar para o pequeno ignorante qual era a condição que seu parceiro estava enfrentando. Na aula seguinte, ministrei um pequeno curso sobre asma, sem citar nomes ou fatos recentes, para que o ocorrido fosse compreendido.
Situações assim são comuns na escola, quando bem aproveitadas podem ser extremamente didáticas e contribuem para instruir a população a melhorar a convivência em grupo. Uma enorme variedade de tipos humanos vai se apresentando ao longo dos anos de escolarização e ensinando as crianças a reconhecer, compreender e respeitar toda a diversidade de colegas, amigos e vizinhos que vão encontrar ao longo da vida. Alguns são canhotos, outros asmáticos ou cegos, surdos ou cadeirantes. O conhecimento de como interagir com cada pessoa faz com que a socialização seja facilitada para todos e cada um possa desenvolver seu máximo potencial. O caso acima relatado, uma simples crise asmática, foi de uma condição médica que a administração de um broncodilatador em spray resolveria em instantes. Essa patologia atualmente é bem conhecida, mas já foi vista como possessão demoníaca ou castigo de Deus em outros tempos, além de ser muito mais mortal. Foi exatamente o estudo, as experiências, a ciência e, mais recentemente, a escola pública e a universalização do saber que possibilitou um gigantesco avanço nas relações interpessoais e a salvação de pessoas com características incomuns.
Gosto muito da história dos canhotos na idade média, ilustra bem como o senso comum pode ser cruel. Alguém poderia supor que situações assim fazem parte de um passado remoto e que hoje em dia já não há inquisidores sentenciando demônios encarnados em pessoas com comportamentos incomuns. Atualmente, há uma grande tolerância com quem tem a mão esquerda dominante ou asma, ninguém vê mal nenhum nisso. O imaginário popular agora crê que é uma característica pessoal, como ter cabelo crespo ou sardas no nariz. Os canhotos foram sendo perdoados ao longo da história, é verdade, mas isso não quer dizer que façam tesouras para canhotos ou que estejam disponíveis na escola. Entre numa sala de aula de um primeiro ano no dia em que o professor de Educação Física planejou recortes para desenvolver a motricidade fina e verás dois ou três alunos numa luta desleal e inglória contra um objeto feito para destros. O docente desatento pode pensar até que a criança tem algum retardo em seu desenvolvimento motor ou mental, tal sua dificuldade em tão simples tarefa. Os colegas e os próprios canhotinhos se avaliam comparando seus esforços. Tem sempre alguém que fica impaciente e grita algo como: “Mas cara, é só respirar fundo!” A necessária bombinha, nesse caso, seria uma tesoura para canhotos que é tão barata quanto as de destros e poderiam vir cerca de dez por cento delas em cada pacote de tesourinhas que chegam na escola. Ao nos omitir de exigir que parte das crianças tenham suas características observadas nas licitações de material, obviamente, estamos negligenciando os estudantes que têm a mão esquerda dominante. Há evidências científicas provando que o desenvolvimento das habilidades motoras com os dedos promove a criação de vias neurais no cérebro que beneficiam não só a capacidade das crianças de manipular objetos para executar tarefas aparentemente simples com êxito, como recortar seguindo uma linha no papel, mas também para, planejar, criar estratégias, controlar a ansiedade e tantas outras que são úteis para fazer contas ou escrever um texto, por exemplo. O gestor, ao licitar tesourinhas, num ato que aparentemente não tem relação nenhuma com os resultados escolares, pode estar condenando muitos alunos à uma vida escolar muito mais difícil e sofrida.
Os gays são outra minoria que vem sendo aos poucos perdoada de sua atitude “desviante” da maioria. O movimento é lento, somente em 1990 que a Organização Mundial de Saúde deixou de categorizar a homossexualidade como um distúrbio mental, a condição foi considerada uma doença chamada de homossexualismo durante séculos. O perdão da OMS não quer dizer que mesmo presidentes de grandes nações do mundo concordem com isso. O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro sugeriu, por exemplo, que basta um “couro” bem dado para o menino endireitar quando apresentar um comportamento afeminado, entre tantas outras falas homofóbicas que fez ao longo de sua carreira política. O atual presidente americano, Donald Trump, mandou tirar de todos os sites do governo as palavras gay, lésbica, transgênero, bissexual e LGBTQ exigindo que fossem admitidos somente os gêneros masculino e feminino nos textos oficiais, tentando invisibilizar parcela importante da população de seu país. De novo, o senso comum pode ser cruel e violento. Os legisladores e dirigentes, na sua ignorância e ânsia por normatizar, padronizar ou homogenizar, podem prejudicar de forma decisiva a vida das pessoas que não são ordinárias, que não se encaixam nas fôrmas que a maioria cabe.
Os neurodivergentes são atualmente a parcela da população que busca perdão de suas condutas desviantes ou, pelo menos, alguma bombinha ou tesourinha facilitadora de vida. Santo Agostinho, nos anos trezentos, bem no início do cristianismo, inventou a expressão “livre arbítrio”, seria uma graça divina em que a pessoa teria a liberdade de escolher suas atitudes. Ele tentava explicar porque, se Deus é todo poderoso e bondoso, existe o mal, tergiversando com um malabarismo retórico que funcionou por séculos. Immanuel Kant, percebendo furos no discurso de Agostinho, tentou aprofundar o conceito e acrescentou que a liberdade virtuosa só é exercida se a pessoa deliberar racionalmente contra seus desejos, pois, se agir a favor deles, será escravizado por seus apetites carnais. Deus é tão bonzinho que deu ao Ser Humano a liberdade até de errar ou se auto escravizar. Eu acredito que esses dois pensadores cristãos, crentes em Deus, na sua ânsia de explicar as contradições de sua fé, dificultaram fantasticamente a vida dos neurodivergentes e retardaram a compreensão de sua condição por décadas. Autistas, superdotados, disléxicos, TDHA´s ou pessoas com outros tipos de neurodivergências, ao tentarem agir como é considerado “normal”, se moldando à ditadura do senso comum num democratismo da maioria, são obrigados a mascarar suas naturezas e viver uma vida muito mais difícil do que poderia ser. Deliberam contra suas inclinações o tempo inteiro, exercendo a liberdade sugerida por Kant. Paradoxalmente, vivem constrangidos de modo que possam existir sem constrangimentos. Neurodivergentes escutam a toda hora na escola “Mas cara, é só respirar fundo!”, são os neurotípicos alertando para que prestem atenção, olhem para frente, parem de se mexer, não desenhem no caderno, não roam seus lápis ou ajam como seus colegas. Felizmente, as coisas vão mudando. Como bem lembra o grande filósofo brasileiro, Lulu Santos, “assim caminha a humanidade, a passos de formiguinha e sem vontade”. O caminhar é lento, tortuoso, difícil e foi somente nas últimas duas décadas que os neurodivergentes começaram a ter suas características perdoadas.
Robert Sapolsky, o neurocientista americano ateu, põe fogo nesse debate, afirmando, com todas as letras, que o tal do livre arbítrio é uma quimera boba, um mito fantasioso do século IV. Não temos isso, esqueça. A Terra não é plana nem o centro do universo, as estrelas não estão presas na substância etérea e não temos livre arbítrio. Ou seja, neurodivergentes nunca irão agir como pessoas comuns, não podemos deliberar contra muita coisa de nossa natureza. Ninguém pode decidir parar de respirar ou comer, o resultado seria a morte. Ninguém pode deliberar sobre suas inclinações sexuais, alguém pode até tentar fingir por décadas, mas no seu íntimo sabe o que sente. Ninguém consegue concentrar-se por muito tempo se tem o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O míope precisa de óculos para enxergar e o asmático da bombinha para evitar crises, eles precisam de algum suporte externo, não conseguem deliberar contra sua natureza, por mais que tentem. Não somos tão livres assim. O canhoto até pode tentar aprender a recortar com a mão direita, mas se encontrar uma tesoura para canhotos na sua trajetória, sempre preferirá esse objeto na sua mão esquerda.
Karl Marx e Friedrich Engels, os filósofos ateus alemães, tentavam equilibrar a conversa: nem uma eterna penitência cristã de deliberar contra suas vontades, nem um “laissez-faire” anarquista, onde cada uma faz o que quer. Os dois pregavam que cada indivíduo doe a comunidade o que pode segundo suas capacidades e, ao mesmo tempo, cada um recebe da mesma comunidade o que precisa segundo suas necessidades. Os esforços desses dois pensadores foram vilipendiados ao longo da história exatamente por caras como Trump ou Bolsonaro, pessoas que querem patrolar as minorias e estabelecer uma ditadura da maioria. Imagine se o critério de decisão social sempre fosse as características da maioria e os desviantes fossem eliminados, como queria Hitler. Hitler perseguiu e matou os judeus, mas não só eles. Comunistas, ciganos, homossexuais, negros, deficientes, autistas, testemunhas de jeová e até poloneses eram levados às câmaras de gás em campos de concentração. Sim, Hitler era um louco, mas foi eleito democraticamente pelos alemães e isso é importante ser lembrado. Depois dele poderia ser eleito alguém ainda mais louco com mais ideias genocidas: Matem os canhotos! Dez por cento da população seria morta. Outro lembraria dos muçulmanos: matem-os também! Mais dez por cento. Matem os asmáticos! Os velhos! Os obesos! Os ruivos! Em pouco tempo não sobraria ninguém, a não ser o próprio ditador. Democracia não pode se tornar totalitária. Marx e Engels estavam propondo uma sociedade de inclusão, compreensão do outro e cuidado até com os bem diferentes exatamente como propunha Jesus com o “amai-vos uns aos outros.” Marx, Engels e Jesus propõem a mesma coisa: vamos dialogar numa boa, sentar à mesa juntos e ver o que cada um tem a oferecer, dividir as riquezas e amar o próximo. A maioria não pode esmagar as minorias.
Agora, por favor, caro leitor, voltemos ao início desse texto, naquela terra de cegos que prendeu o cara que dizia saber ver. Imagine que o sujeito com um olho só não fosse recebido por intolerantes com o diferente que o tratam como se fosse retardado, mas sim por uma sociedade marxista cristã, que ama o próximo, perdoa, inclui, escuta, acolhe e tolera. Todo mundo veria que o vidente é diferente, não sabe viver ainda na terra de cegos, ele ainda não sabe ler, erra sinais claros para os outros. Mas ninguém o segregaria da comunidade, ao contrário. O cara teria toda a atenção de especialistas. Seu caso seria estudado enquanto tentassem educá-lo para que conviva com todos os outros. Você não acredita que logo perceberiam que ele pode ser útil? Será que não encontrariam no caolho qualidades que compensam sua pouca ou nula habilidade em algumas áreas da convivência? É claro que sim, alguém que enxerga seria muito importante numa terra de cegos. Não chegaria a ser rei, como supõe o ditado, porque sempre seria considerado aberrante, mas com absoluta certeza se provaria muito útil na comunidade.
O que tentei fazer nesse texto é chamar a atenção para o fato que os neurodivergentes veem o mundo de uma forma diferente dos neurotípicos. Nem melhor nem pior, mas diferente. No entanto, perceba, a pessoa ordinária, aquela que não vê problemas seguindo a ordem estabelecida, o neurotípico, não necessita de adaptações para viver bem. Já o extraordinário sim, aquele que tem dificuldades em seguir as regras da maioria, o neurodivergente se incomoda com muita coisa e busca mudanças. No mundo atual se valoriza muito quem consegue pensar “fora da caixa”, e isso é exatamente no que um neurodivergente é bom. Um dislexico seria alguém capaz de imaginar uma forma de transmitir conhecimento sem escrita, é muito também para isso que o Youtube serve. Um TDAH poderia criar textos que dessem vazão à sua curiosidade natural, é para isso que o hipertexto da internet foi desenvolvido. Autistas ou superdotados são pessoas que podem ajudar muito uma equipe criadora de algum produto inovador justamente porque divergem do que a maioria pensa. Não é à toa que nas grandes empresas de informática sempre tem autistas na diretoria, quando não é o próprio chefe dono do empreendimento. Elon Musk, Steve Jobs, Mark Zuckerberg e Bill Gates são exemplos óbvios do que autistas, superdotados, disléxicos ou pessoas com TDAH podem fazer em empresas de tecnologia criativa.
As ideias diferentes daquelas que a maioria está acostumada, raramente são bem recebidas num primeiro momento. Samuel Morse, criador do código que leva seu nome, foi ridicularizado no seu tempo. As pessoas achavam que um código binário nunca seria capaz de transmitir informações, era uma proposta ingênua, infantil, simples demais. Alan Turing, considerado o criador da computação através de algoritmo, foi perseguido até o suicídio por ser homossexual. Ambos viveram numa época em que não se tinha nenhum conhecimento sobre a magnitude do espectro da neurodiversidade, mas basta estudar suas biografias para perceber seus traços autistas imediatamente. Os dois e suas criações são hoje reconhecidos como essenciais para o funcionamento da internet, toda feita em máquinas de computação que funcionam com algoritmos de código binário.
Marx e Engels não estavam pensando nos neurodivergentes quando escreveram suas ideias, mas os contemplaram em cheio, aliás não só a eles. Jesus também, ao falar pensava em inclusão amorosa, fraterna e tolerante com qualquer um, independente de sua aparência, religião, preferência sexual, etc. Quando o pensamento é inclusivo, toda diversidade de gente pode ser acolhida e bem tratada, fazendo com que a humanidade fique muito mais rica e abundante para todos. As minorias não são um estorvo, mas sim uma possibilidade de desenvolvimento social. O ditado do homem com um olho só numa terra de cegos nos faz refletir e problematizar. Ele não vai ser rei, mas não é retardado, pode ser muito útil para todos, basta acolhe-lo. Quanto mais sentidos diferentes, quanto mais diversos forem os modos de perceber o mundo, quanto mais minorias tiverem espaço para se manifestar, mais sofisticada será a sociedade para todos.