quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Se você passa na rua por um homem batendo numa mulher e se omite, não fala nada, está apoiado a injusta opressão. Somos professores, temos o dever de ensinar. O congresso nacional foi eleito democraticamente, por mais que me doa dizer isso, nós elegemos aqueles corruptos golpistas. Eu, como professor, não posso me omitir, tenho que falar, esclarecer. Não de forma maniqueísta, identificando mocinhos e bandidos, mas de forma a soprar a bruma de informações ilusórias em que os alunos estão imersos. Eles já são eleitores ou serão brevemente. Se nos omitirmos eles terão a formação que a mídia golpista quer que eles tenham. A direita perdeu quatro eleições seguidas, mesmo com a força da mídia de que é dona. Acabou a disposição deles de respeitar as urnas, democracia é boa até que seja a "nosso" serviço. Senhor professor, com serenidade, com coragem, com conhecimento, com argumentos, não se cale. A "escola sem partido" tem a intenção de sepultar opiniões, criar um clima de perseguição a quem é "antipatriótico". A repressão já começou e vai piorar. Temer, no seu primeiro discurso como presidente não eleito já deixou claro: "Não tolerarei ser chamado de golpista". Eu me posicionei hoje diante dos 9°, 8° e 7° anos, amanhã pretendo fazê-lo com os sextos. Os alunos se surpreendem: "Professor, isso é aula de Educação Física ou o que?" A Educação Física também tem que ser cidadã, inclusiva, democrática, não pode ser alienada da sociedade em que vive. Muitos colegas de trabalho também não percebem o que está acontecendo. Converse, não se omita, ponha na mesa sua opinião, saia do armário. O atual congresso foi eleito depois de 30 anos de acomodação democrática, uma geração que não sofreu privações de liberdade de opinião, esquecemos. Respeite a opinião dos que comemoraram o impeachment de Dilma, mas deixe claro seu posicionamento, defenda a mulher que apanha: existem rochedos que não são levados pelas enchentes do rio, resistem. Coragem, companheiros de trabalho, pois a luta continua.

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