Dunas
Hoje fui caminhar com os cachorros nas dunas aqui perto de casa. Sempre que vou, levo o celular para fazer fotos. Dos hobbies que cultivo, escrever e tirar fotos são os que me tomam mais tempo. Esse blog foi feito para armazenar e divulgar meus escritos. Neste texto, achei melhor ilustrar com algumas fotografias. É muito mais difícil descrever o que aqui pretendo mostrar, uma imagem vale mais do que mil palavras. Gosto de ir às dunas, meu cérebro neurodivergente se regula, muito silêncio. Fico quieto, conversando calado com meus pensamentos e só ouço a brisa, com sorte algum piru-piru namorando. Tem muita gente que se espanta quando falo que vou lá para me sentir bem. Me informam, sem nunca ter ido, que lá não tem nada para ver.
E realmente, se tu vais procurando encontrar alguém, algum bar ou mesmo um lugar para sentar, não há nada assim. O que me atrai é exatamente isso, não tem nada e ninguém, os horizontes são infinitos e os pores do sol, quando há muitas nuvens no céu, tem cores vibrantes!
Alguns falam gracinhas tentando me dissuadir a passear por lá: "Só o que tem nas dunas é pau seco e gente besta!" Essa afirmação é parcialmente verdade, pau seco se encontra logo e eu até acho bonito.
Como nunca encontro ninguém por lá, só os paus secos, acho que sei de quem eles estão falando quando fazem essa avaliação de besta. Não sei porque as pessoas acham que as dunas são secas, talvez por haver..., bem..., dunas, cômoros de areia como se fosse um deserto, mas é o exato oposto. As dunas do bioma costeiro gaúcho são muito úmidas e tem muitos banhados e lagoas.
Tem até peixinhos, sapos e plantas áquaticas na água. À tardinha os sapos organizam a apresentação de uma verdadeira orquestra.
É tanta água que é bom vestir botas e caminhar olhando para o chão. Uma das primeiras coisas que se nota é que tem muitas conchas na areia, suspeito que aquilo ali já foi fundo do mar um dia, ou algum sambaqui indígena.
E quando a gente vai olhando para o chão nas dunas descobre a verdadeira riqueza do lugar, sua biodiversidade. Quem olha de longe não vê, a vegetação é de gramíneas e arbustos, além das aquáticas, quase não há árvores, por isso as pessoas dizem que não tem nada. São plantinhas muito pequenas para nossos olhos, mas não para os insetos.
Tem muitos insetos nas dunas, de todos os tipos possíveis, formigas, cupins, besouros, borboletas, mosquitos, muitas abelhas. Estão perto do chão, nas dunas tudo está perto do chão. Quando olhamos para o chão tudo começa a fazer sentido, é Liliput! Estradas, túneis, viadutos, a movimentação é grande. Há uma infinidade de espécies minusculas que olhando de longe ou rapidamente não se vê. As pessoas não olham para o chão nas dunas, olham o horizonte infinito, por isso não veem nada.
Quando a gente olha para o chão vê que a coisa toda está viva. O que parecia só areia de longe, morto ou "sem nada", de perto está se mexendo e cheio de vida e com cores vibrantes. Os passarinhos percebem logo essa movimentação no chão e vem em bandos. Pena que são difíceis de fotografar com um celular ou uma câmera simples, eles saem de perto quando me aproximo, devo ser um sujeito tóxico para eles... Só consigo fotos de pássaros passando longe, com pressa. Parado só um predador, grande forte e corajoso. Tem um carcará que sempre fica vigiando nossa movimentação de longe, no alto de uma duna. Mas se me aproximo muito, mesmo ele se afasta de mim e dos cachorros.
Os passáros constróem seus ninhos nas dunas. As corujas até cavocam tocas como os tuco-tucos. Os quero-queros e piru-pirus nidificam no chão mesmo, sem grandes esforços de engenharia. Tem muitas outras espécies de aves que vivem por lá: noivinhas, periquitos, pica-paus, cardeais, anus, outros eu nem sei os nomes. Uma coisa que todo mundo sabe é que, onde tem ninhos e ovos, tem cobras e lagartos. Por sorte, não os vejo muito, só seus rastros na areia. Mas sei da sua onipresença nas dunas, mais um motivo para ficar atento ao chão.
Olhando para o chão a gente vê também muitas plantas diferentes.
Muitos capins ficam tremendo com o vento. Para fazer uma boa foto deles é preciso proteger a plantinha com a mão, esperar um bom momento ou ir tirando várias fotos uma atrás da outra até que alguma surja como vencedora no concurso de melhor foto.
Tem uns tão pequenos que só dá para ver na foto e, quando se amplia a imagem se percebe que aquele minúsculo capim abriga uma ainda mais minúscula teia de aranha onde as gotas do orvalho estão grudando o sal.
É tanta plantinha diferente que a gente fica até com medo de caminhar e acabar pisando nalguma rara.
As flores são tão pequenas e delicadas que é difícil fotografá-las. A máquina fica se perguntando onde é para focar? Naquela coisinha ali? Só vai um pixel ali! Quando a máquina fica confusa assim eu ajudo colocando meus dedos no entorno da flor para que o foco se encontre.



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