sábado, 20 de dezembro de 2014

Medina
Jack London, aquele escritor americano, famoso por livros para adolescentes, como "o chamado da floresta" ou "caninos brancos". Com vinte anos já era rico e seus livros um sucesso de vendas. Morreu jovem e escreveu poucos livros de não ficção. Um deles é "A travessia do Snark", onde conta uma viagem que fez com um enorme veleiro que mandou construir. Garotão, isso, em San Diego naquela época, era como hoje dar rolé com camaro amarelo. Saiu da Califórnia e ficou uns dois anos vagando por ilhotas do Pacífico. Algumas ele foi o primeiro a chegar, e a contatar os nativos. Estamos falando do final do século XIX! Muitas passagens do livro são maravilhosas, o guri era hábil na narrativa. Mas a mais impressionante para mim foi quando ele visita uma das ilhas do Havai e, sentado na areia da praia contemplando o mar, percebe um super homem pairando em pé sobre as ondas. Não entende direito a mágica e fica maravilhado. espera uma tarde inteira até o magrão sair da água para descobrir o segredo, uma longa prancha de madeira. Era um nativo à praticar uma brincadeira típica dos locais. Veja que naquela época tomar banho de mar não era um costume. ficou tão impactado que decidiu aprender aquela arte. Saiu a perguntar e descobriu um alemão que fazia pranchas para fora. O alemão, como ele, tinha se maravilhado com a coisa e ficado por lá, estava há vinte anos na ilha. Jack estendeu sua passagem pela ilha por meses até dominar a técnica. As palavras "surf", "long board" entre várias outras foram difundidas no continente americano através desse livro. Talvez por isso, pelo impacto do livro na cultura americana e anglofônica, mais de cem anos depois, Medina seja o primeiro não anglofônico a ganhar um campeonato mundial de surf. Eu, ingenuamente, emprestei esse livro para alguém, junto com outro maravilhoso clássico do gênero, "navegando solitário ao redor do mundo" do Joshua Slocum.... Claro que nunca mais voltou e eu nem lembro para quem foi.

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