sábado, 12 de dezembro de 2015

Arqueologia textícular bombando!
Quando estava morando na França, na pequena cidade de Arpajon, perto de Paris, trabalhei num albergue onde também trabalhavam vários Franceses. Dois deles eram corredores e treinavam todos os dias no verão. Mesmo assim, eles só tomavam dois banhos por semana. Eu gozava da cara deles, sempre os chamava de cochon. Eles riam e diziam que se o cara chegasse e logo secasse o suor não ficava cheiro nenhum. Eles eram legais, sempre me ajudavam com o que podiam, até comida me davam. Um me deu um par de botas de trekking usadas, outro me deu uma barraca velha. Ainda hoje, quando preciso destes equipamentos, eu tenho as botas do Régis e a barraca do Laurent (se lê Rêgisss e Lôrron) que são muito bons e ainda duram, apesar de eles terem me dado porque achavam velhas e ruins as duas coisas. O Régis eu nunca mais vi depois que parti, mas o Laurent parou dez dias aqui em casa há uns anos atrás. Ele ia correndo (literalmente) de Buenos Aires até Brasília, onde tinha casado com uma Brasileira. Levava uma mochilinha bem pequena, com apenas três quilos de roupas, e fazia setenta quilômetros por dia. Depois eu fui lá, de ônibus, que é mais rápido, para visitar a família que já estava se formando na barriga da mulher dele. Lá ele tinha um quarto da casa (casa que ele mesmo tinha construído!) só para os troféus recebidos aqui no Brasil de corridas que ele tinha participado, foi lá que eu dormi. Quase tive um ataque na São Silvestre deste ano, porque até o quilômetro cinco ele estava no meio do pelotão da frente e aparecia a toda hora. Eu gritava: –VAI LORRÃ! Mas não adiantou, ele não ficou entre os cinco melhores.

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