sábado, 12 de dezembro de 2015

Morar em Porto Alegre tinha um lado bom, admito!! Textículo de 2000:
Fui no Guion Sol, a uns três meses atrás, assistir “Guerra nas Estrelas”. Na entrada, preenchi uma coisa que me mandaram preencher, nem entendi bem para que. Soquei na urna só para me livrar da tarefa que o bilheteiro me atucanou a cumprir. Passou uns tempos, recebo uma carta, escrita a mão. Havia ganho um prêmio nos cinemas Guion na promoção “Fidelidade”, um mês de entradas grátis. Todo mês de outubro. Já vi doze filmes e ainda falta uns dias para acabar o passe livre. Levo sempre uma amiga diferente, para aproveitar o prêmio junto com alguém e para o tiroteio da bicharada do Olaria não ser tão escandaloso. Teve uma vez que voltei ao Guion Sol para ver o “13º andar”. Imitação barata do Matrix, mas ok anyway. Liguei para umas gurias que ainda não tinham ido, nenhuma podia ir. Uma tinha plantão no hospital, a outra dava aula de manhã cedo... Fui sozinho mesmo. Daí a coisa mais bizarra aconteceu. O filme estava estreando, mas ninguém apareceu para assistir, só eu. E sem pagar, ainda por cima. Sentei bem no meinho daquele belo cinema, o lanterninha fechou as cortinas e me desejou um bom filme. A sessão foi ótima, muita qualidade em tudo. Solitária, é verdade, mas ótima. No fim, todas as luzes se ascenderam e o cara me disse: “-Obrigado por ter vindo e volte sempre”. Não é para o cara ficar fiel mesmo?
Em outra ocasião, fui a pré estréia do “Alice e Martin”. Bom. Mas, ao mesmo tempo, ruim que dói. Aliás, como a maioria dos filmes do Guion. São bons, mas muito intelectualizados, todo mundo sai meio deprê do negócio. Os Americanos tem isso de bom, sempre fazem com que no final tu saias bem contentinho do cinema. Eu prefiro, embora admita a necessidade de as vezes ter que ver um dramalhão Francês só para cair na realidade de novo.
Ontem fui assistir ao que acredito será meu último filme de graça na promoção do Guion. O “Fight Club”, com o Brad Pitt, é bem violento, como o nome sugere. Sai me sentindo mal e desesperançado em relação a humanidade, aqueles filmes de arrasar. O filme era bom, mas horrível ao mesmo tempo, como sempre. Só depois, refletindo melhor em casa, percebi o sentido do filme. Sim, porque entre socos e pontapés ficava um pouco difícil de se prestar a atenção na mensagem subliminar. É uma crítica ao consumismo, ao capitalismo. O cara tem tudo, não tem mais nada que precise. Se dá conta que se não consumir mais, o dinheiro que ganha não tem sentido. Assim seu trabalho perde o sentido também, sua vida perde o sentido. Ele então percebe que na verdade não possuía nada, as coisas é que lhe possuíam. Ele trabalhava para comprar as coisas, trabalhava para elas. O cara começa a enlouquecer, se flagra que todos os indivíduos do mundo capitalista tem a mesma profissão: consumidor. Trabalhamos para comprar coisas que, no fundo (muitas vezes até no raso), não precisamos. Me lembrou a velha história dos automóveis que eu tanto martelo.

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