sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Inolvidáveis

Dia destes assisti o filme “Delicatessen”. Já viste? Acho ótimo, já vi umas três vezes, no cinema e na televisão. É uma história maluca, talvez pós colapso, onde a moeda são grãos e o mais caro é o milho. Tem uma cena adorável, onde um casal toca, cada qual seu instrumento, numa salinha de apartamento. A moça toca violoncelo e o rapaz toca serrote! Maravilhoso. Aquela cena me fez lembrar alguns momentos inolvidáveis que já passei na vida, curiosamente sempre no exterior. Admiro muito quem sabe tocar bem um instrumento, pois eu só sei tocar campainha. Uma vez, em Amsterdam, visitei uma amiga num sábado à tarde, sem avisar, coisa muito esquisita para a cultura local. Ela era holandesa, mas me serviu um chá inglês com biscoitos italianos e dançou flamenco catalão para mim, com direito as castanholas, canto, sapateado, vestido e tudo! Numa outra ocasião, em Bruxelas, eu e um amigo chileno visitamos uma amiga boliviana em comum. Ela nos agraciou com uma performance de harpa! Fiquei encantado, nunca havia visto de perto uma harpa, muito menos ouvido sendo tocada de forma tão harmoniosa. Ainda em Bruxelas, estava trabalhando num albergue limpando as mesas do refeitório, quando um rapaz argentino ensaiava seu violão. Violão é um instrumento bastante comum no Brasil e eu já tinha visto e ouvido várias vezes, mas não daquele jeito. O rapaz era um virtuose da música clássica e tocava com precisão, uma atrás da outra, músicas conhecidas com suas unhas compridas rufando sobre as cordas. Vendo que o escutava deleitado, conversou comigo e, sabendo que eu era gaúcho do Brasil, me presenteou com músicas clássicas do meu estado e do meu país, tocadas com a mesma maestria! Estava há quase dois anos longe de casa, então me emocionei muito. Teve ainda uma oportunidade que eu estava em Mulhouse na França, visitando a mãe do namorido de uma enteada (que confusão!). No segundo piso de uma casa antiga, num quarto bagunçado cheio de coisas, me interessei por um objeto de metal que parecia o fundo de um tonel de aço. O namorido da enteada, prontamente, separou o objeto do resto da quinquilharia e o montou no meio do quarto. Sacou uma espécie de baqueta do nada e, dali daquele fundo de tonel amassado, tocou uma bela música sem erro nenhum. Foi um momento saboroso, de muitas sensações, sensacional.

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